segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Porque escrevo?

Num artigo publicado no El Mundo, o cronista Fernando Sanchez Drago insurgia-se com a resposta dada por outro seu colega, que, quando lhe perguntaram porque escrevia, respondera "por dinheiro".
O texto tinha graça porque, antes da fazer a crítica, ele havia feito a si próprio a mesma pergunta, para a qual admitindo várias razões possíveis, chegara à única inteiramente certa de que o fazia porque queria fazê-lo.
Depois de ler a crónica pus a questão a mim mesma. Escrevo para entender o mundo? Não, porque para isso não necessitaria de escrever. Será para me conhecer melhor? Também não. Conheço-me razoavelmente. Escrevo porque não sei fazer outra coisa? Também não, porque manifestamente sei fazer muitas outras coisas. Escrevo para denunciar o que está mal, o que considero injusto? Muito pouco, porque sou bastante avessa ao que se chama de escrita comprometida.
Convém, contudo, lembrar aqui um pormenor. É que eu não me considero escritora, nunca tive essa pretensão e sempre me vi como uma cronista que escreve sobre o mundo que a cerca, mas que não pretende impor a sua visão a ninguém. O que se entende, já que se me não levo, eu própria, muito a sério, tentar fazer da escrita uma missão seria, no mínimo, ridículo.
Mas também não escrevo por dinheiro, como podem provar os blogs que mantive e mantenho, onde até hoje, não usei publicidade, pesem embora os vários aliciamentos nesse sentido. Porém, não tenho posições definitivas sobre a matéria - cada vez as tenho menos - e por isso não avanço nada sobre o futuro.
Aliás, até julgo haver uma certa forma de elitismo da minha parte nesta posição, que aceito, mas não me agrada. E, se um dia considerar que é essa a razão maior, dou-lhe um rápido pontapé. 
Então, porque escrevo eu? De facto, faço-o porque me dá gosto fazê-lo e isso é, para mim, razão mais que suficiente para continuar este caminho!

HSC

10 comentários:

Tété disse...

Dá-lhe gosto a si e a nós que temos o prazer de a ler. Beijinhos

TERESA PERALTA disse...

Ainda bem que tem gosto nisso, porque escreve bem, expõe bem, tem um raciocínio muito lógico (graças às matemáticas) contra as injustiças e a favor dos desprotegidos e, ainda por cima, não é que consegue mesmo tocar o coração de quem a lê!
Beijinho querida Helena e não se esqueça de continuar nisso...

Anónimo disse...

🌷

Pedro Coimbra disse...

Escrevo, nos blogues, em jornais locais quando para isso sou convidado, por uma simples razão - por gozo, por prazer.

Silenciosamente ouvindo... disse...

E há coisa melhor do que escrever por gosto

sem qualquer outro compromisso?

Que bom que é fazê-lo quando lhe apetece,

e nós que gostamos de ler o que escreve ter

essa possibilidade?

Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Dalma disse...

HSC, se se sente feliz a escrever, isso é mais que suficiente para o fazer. Além disso, a certeza de que tem leitores assíduos também deve contribuir para essa vontade de escrever!

Unknown disse...

NÃO COMPAREMOS ALHOS COM BOGALHOS... MAS É EXACTAMENTE PELAS MESMAS RAZÕES QUE DE VEZ EM QUANDO ME AVENTURO A ALINHAR UMAS PALAVRA COM AS OUTRAS... CUMPRIMENTOS E VOTOS DE BOA SAUDE

Carla Pereira disse...

Sorte de quem a lê :-) por favor continue. Tenho uma enorme admiração por si. Um abraço apertado

redonda disse...

Podemos escrever para comunicar.

Gosto muito de ler o que escreve.

Maria Martins disse...


Fazermos as coisas por prazer, sem obrigatoriedade e contribuirmos para o prazer dos outros... Há algo de mais positivo, prestativo e prazenteiro? Como sua leitora, espero que continue a escrever muitos e bons textos.